O tráfico de pessoas na Amazônia

A exploração ilegal de recursos na Amazônia não se limita apenas ao desmatamento, como muitos imaginam, mas também à exploração da vida humana.

A mineração ilegal e a extração de madeira são desenfreadas nesta região que fornece um terreno fértil perfeito para o tráfico de pessoas na forma de exploração sexual e trabalho forçado. Em 2010, o governo brasileiro identificou o estado do Pará, na região amazônica, com o maior número de casos de abuso sexual no país, em grande parte devido à localização afastada, pobreza e falta de acesso a educação.

Prostituição na margem dos rios

Quando a extração de madeira da floresta amazônica se tornou ilegal, muitas pessoas que vivem no delta amazônico perderam seus meios de subsistência. Sem eletricidade, estradas acessíveis e outros serviços governamentais básicos, as pessoas dessas aldeias passaram a contar com os barcos que sobem e descem o rio Amazonas para trazer os suprimentos de que tanto precisam. Todos os dias, os aldeões amarram seus pequenos barcos aos navios de carga e barcaças que passam por suas aldeias para que possam embarcar e negociar com a tripulação e os passageiros. Eles trocam açaí e outros produtos da floresta por alimentos, roupas e, principalmente, diesel para acionar seus geradores. Muitas vezes, as meninas vêm a bordo para trocar sexo por esses itens preciosos.

Muitas das 500.000 crianças que trabalham como prostitutas no Brasil são posteriormente vendidas para as minas de ouro da Amazônia.

Centro Brasileiro da Infância e Adolescência

Tráfico sexual e mineração de ouro

O tráfico sexual também prevalece nos campos de mineração ilegais que surgiram desde que o ouro foi descoberto na Amazônia. Bordéis e bares cercam esses campos de mineração. As garotas são atraídas para lá com promessas de empregos bem remunerados como garçonetes e cozinheiras, e acabam presas em uma das regiões mais remotas do mundo, sem ter como voltar para casa. Uma batida recente das autoridades brasileiras encontrou 69 mulheres e 51 meninas menores de idade trabalhando nos bares e bordéis cobertos de lona em um desses campos. Eles descobriram minúsculos quartos na parte de trás de bares contendo colchões sujos no chão, com apenas folhas de plástico separando os quartos uns dos outros. As meninas estavam atendendo seus clientes em intervalos de 10 minutos.

Muitas das 500.000 crianças que trabalham como prostitutas no Brasil são posteriormente vendidas para as minas de ouro da Amazônia. (Fonte: Centro Brasileiro da Infância e Adolescência)

Escravidão Infantil e Trabalho Forçado na Amazônia

O tráfico sexual não é a única forma de escravidão humana na floresta amazônica, há também um número muito alto de vítimas pegas em trabalho forçado e escravidão infantil em minas de ouro e madeireiras ilegais. Muitas das 500 mil crianças que trabalham como prostitutas no Brasil são posteriormente vendidas para as minas de ouro da Amazônia. Uma batida em uma mina ilegal encontrou trabalhadores, alguns deles crianças, sendo forçados a suportar condições degradantes de trabalho, incluindo moradias improvisadas sem banheiros, água contaminada, sem equipamentos de proteção e sem meios de ganhar dinheiro suficiente para escapar. Os trabalhadores são intimidados pelos pistoleiros armados que patrulham esses campos. Assassinato e violência são comuns e raramente denunciados. Condições semelhantes foram encontradas em uma empresa madeireira ilegal em 2010, na qual trabalhadores foram resgatados de condições análogas à escravidão. Esses campos de madeireiros e minas ilegais são tão remotos e tão bem guardados que, uma vez que um trabalhador é levado para lá, torna-se impossível para ele sair.